criancas do zaire jogando xadrez

Estudo sobre o xadrez e o desenvolvimento das aptidões

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Um estudo realizado no Zaire durante os anos de 1973 e 1974, que foi conduzido pelo Dr. Albert Frank, 92 alunos, com idades entre 16 e 18 anos, demonstrou que o grupo experimental que aprendeu xadrez avançou significativamente nas habilidades espaciais, numéricas e direcionais administrativas, juntamente com as aptidões verbais, em comparação com o grupo de controle.

E essas melhorias se comprovaram independentemente do nível final de habilidade de xadrez alcançado pelo aluno.

Como foi realizado o estudo

De acordo com o Dr. Frank, muitas vezes ouvimos afirmações como: “Você precisa ser inteligente para jogar xadrez” ou “O xadrez promove a inteligência”.

No entanto, segundo ele, tudo isso é muito vago. Portanto, ele decidiu verificar até quanto o xadrez causaria impacto no desenvolvimento das aptidões humanas.

Como os participantes foram escolhidos

Sendo assim, no ano 1973, em cooperação com o Departamento de Psicologia da Universidade Nacional do Zaire em Kisangani, ele realizou uma experiência para esclarecer estas questões.

Isso porque, ainda segundo ele, referir que em muitos países existe aulas de xadrez nas escolas, se torna extremamente difícil obter estatísticas imparciais, uma vez que existe uma familiaridade geral com o xadrez.

Portanto, ele decidiu fazer o experimento com alunos que nunca haviam tido contato anterior com o xadrez.

A primeira coisa a fazer foi conseguir uma permissão do Governo do Zaire para alterar o currículo de três turmas do do quarto ano durante um ano inteiro numa importante escola secundária de Kisangani.

O que foi testado no estudo

Nessas três turmas, duas de um total de sete horas de matemática ministradas por semana foram substituídas por duas horas de instrução de xadrez.

Nessa escola havia um total de seis turmas, cada uma com 30 alunos do quarto ano. Então elas foram divididas em dois grupos: As três turmas do grupo “experimental” (A); e os outras três do grupo “controle” (B).

Ele também foi autorizado a administrar a seguinte bateria de testes relacionados à inteligência:

  • Versão belga do GATB (Bateria de Teste de Aptidão Geral);
  • PMA (Habilidades Mentais Primárias de Thurstone);
  • DAT (Teste de Aptidão Diferencial de Bennet, Seashore e Wesman);
  • D2 (Brieckenkamp);
  • Rorschach.

Ele considerou ainda que saber até que ponto os testes utilizados eram culturalmente justos para as pessoas testadas não era necessário, uma vez que o objetivo era apenas comparar os grupos A e B para os quais não existiam diferenças culturais significativas.

Nenhum dos alunos de ambos os grupos tinha ouvido falar de xadrez, o que é um recurso muito útil. Idealmente, poderia haver um terceiro grupo que já conhecia xadrez, mas para efeito desse estudo isso não foi considerado.

Foram administradas então sete horas de aula semanais, matemática e xadrez para o grupo A, e apenas matemática para o grupo B.

As aulas foram ministrada por professores de língua francesa, dois professores belgas de matemática, e o próprio pesquisador ministrou as aulas de xadrez.

Etapas do estudo

No início do ano, todos os alunos tanto do grupo A como do grupo B realizaram a bateria de testes acima. Ambos os grupos tiveram uma pontuação parecida.

Enquanto o grupo B recebia aulas de matemática 7 horas por semana, o grupo A recebia o mesmo programa cinco horas por semana e recebia duas horas por semana de aulas de xadrez. As aulas envolviam testes do assunto. Isso incluía as aulas de xadrez, assim como as demais aulas de matemática.

No grupo A, os testes e exames de xadrez representaram 2/7 da pontuação habitual do currículo de matemática, e as competências matemáticas reais representaram a parte fracionária, 5/7 da pontuação total.

No final do ano, todos os alunos de ambos os grupos passaram novamente pela bateria de testes relacionados à inteligência.

Além disso, os alunos do grupo A também realizaram um exame para testar o nível de xadrez alcançado. Os itens deste exame foram escritos em sua maioria pelo Dr. Max Euwe, ex-campeão mundial de xadrez e presidente da FIDE (Fédération internationale du Jeu d’Echecs).

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Resultados obtidos

Entre as aptidões relacionadas à inteligência testadas, os dois grupos diferiram significativamente, com o grupo A pontuando significativamente melhor que o grupo B (de controle).

A “aritmética”, com nível de confiança de 0,95 e a “lógica verbal” – na maioria das vezes medida pela identificação de sinônimos ou antônimos – com nível de confiança de 0,99.

Essas descobertas respondem a algumas das questões que estavam sendo investigadas. Mas por que lógica verbal? O estudo não trouxe resposta para essa questão.

A experiência também permitiu responder a questões com vista a delinear, tendo em conta os resultados do teste de aptidão, a capacidade de melhorar o desempenho no xadrez. Mas isso também ficou fora do âmbito do resultado deste estudo.

Posteriormente, os alunos de ambos os grupos receberam atenção especial até o final dos estudos secundários, ou seja, dois anos após o término da experiência.

Os alunos do grupo A obtiveram resultados significativamente melhores a longo prazo, tanto em matemática como em francês.

Conclusão

Apesar de não haver ainda uma maneira de mensurar com exatidão as melhorias na aprendizagem, ou no desenvolvimento das capacidades individuais dos alunos, de uma maneira geral ficou provado que o xadrez desenvolve sim as aptidões.

Depois desse estudo, também há relatos que os alunos que aprenderam xadrez ficaram mais calmos e dispostos ao trabalho intelectual.

 

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